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Paixão por xícaras

Maria Carlota Pandori, 80 anos, é moradora do Central Park, na Lapa. Comunicativa e bem-humorada, poucos minutos são suficientes para ela distribuir e colecionar sorrisos de quem tem o privilégio de ouvir uma parte de suas ricas histórias.
E uma delas, em especial, chama atenção. Quando tinha oito anos, ganhou da mãe, Clarice, um jogo de xícaras, fabricado em baquelite, uma resina sintética resistente ao calor. Ela amava o brinquedo e ficou muito triste, quando a mãe teve um desentendimento com a avó e parte do conjunto acabou quebrando.
Dali em diante, ela fez um promessa: no dia que tivesse condições financeiras, iria comprar muitas xícaras. Depois de casar com o italiano, Vitório, ela chegou a ter um “punhado” delas, quando ainda morava no Jardim Líbano, em Pirituba, mas o desejo de colecioná-las passou a se materializar mesmo quando, já divorciada, veio morar no Central Park, em 1985.
E não parou mais. Hoje, cerca de 500 xícaras estão expostas em prateleiras de seu quarto. Elas são dos mais variados materiais (principalmente de porcelana), tamanhos e origens, como Brasil, Itália, França, Estados Unidos, Espanha, Portugal e Alemanha. E engana-se quem pensa que ela tem uma preferida. “A partir do momento que estão aí, para mim, têm o mesmo valor”, diz.

Histórias
É claro, porém, que por trás de determinadas xícaras há uma bela história para contar. Como a que ganhou de uma vizinha do Central Park que, ao se encantar pela paixão de dona Carlota pelo produto, a presenteou com um exemplar de 1954, adquirido quando participou do Congresso Mariano, realizado no Rio de Janeiro. “Ela tem muito valor para mim, mas sei que a senhora vai cuidar bem dela”, teria dito a vizinha.
Dona Carlota também menciona, com entusiasmo, um jogo de xícaras que a filha, Rosana, teria ganhado de presente de casamento e dado a ela posteriormente. Ou de uma “enorme” xícara usada como recipiente de orquídeas em um evento em Umuarama, no Paraná e, mais recentemente, uma personalizada com as fotos dos netos Patrick e Sabrine, a qual recebeu como presente de Natal, em 2015, quando viajou à França.
De acordo com a colecionadora, entre algumas xícaras raras, há uma com mais de 100 anos, também ganha de uma vizinha. Como boa colecionadora, dona Carlota diz que frequentou muito a Feira de Artesanato da Praça da República, para adquirir alguns modelos e, até hoje, quando sai para tomar um chá (mas admite que foi uma grande apreciadora de café), busca um “jeitinho” de sair com a xícara, caso a agrade. E, muitas vezes, não mede esforços para tanto. “Na inauguração do West Plaza, deixei toda a parcela do décimo-terceiro para comprar um modelo, que serve como caixa de música”, diz.
E assim, de história em história e de tempos em tempos, ganhando ou comprando, ela vai incrementando mais a sua coleção, mas brinca: “Made in China”, definitivamente, não.

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A origem das xícaras
Diz a tradição que o chá, que tem origem oriental, era inicialmente servido em potes redondos, sem alças e, claro, era necessário esperar que esfriasse para não queimar as pontas dos dedos. Ao chegar à Europa, o chá fez grande sucesso. Caro, entretanto, o produto era consumido exclusivamente pelos nobres e, ao se popularizar entre os mais abastados, passou a ser servido em copos de prata. Mas o problema persistia, pois se tratava de mais um material que transmitia calor e acabava por queimar os dedos.
A partir dessas situações é que o arquiteto inglês Robert Adam sugeriu ao amigo ceramista Josiah Wedgwood colocar alças nas tigelas e copos. Então, foi criada a primeira xícara, em 1750. O sucesso foi tanto que Wedgwood abriu uma fábrica em 1759 e até hoje a marca é referência na produção de peças de porcelana.

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