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Divindade do parto

Quando uma criança vem ao mundo, nada mais justo que os olhares e os “mimos” sejam direcionados para a mamãe e para ela, protagonistas de um momento tão sublime, não é mesmo?
Porém, para permitir que este procedimento seja o mais perfeito possível, há de se destacar o trabalho de profissionais que decidiram atuar como uma espécie de “anjos da guarda”, contribuindo para tornar este momento ainda mais inesquecível.
Caso de Hildegarth Schultz e Alexandre Ming, enfermeiros obstetras ou simplesmente parteiros, aptos a realizar os chamados partos normais, que não exige um procedimento cirúrgico, como a cesárea, que passa a ser de responsabilidade de médicos obstetras.
E eles exercem esse importante papel porque um dia resolveram dizer sim à Enfermagem. Formada há 22 anos, Hildegarth volta ao tempo em que estava ainda no ensino médio, onde teve na figura de uma freira, a irmã Elza, a sua maior influência. “Tinha que fazer disciplinas extracurriculares e, em um delas, visitava pacientes de hospitais em Osasco, com a irmã Elza. “Comecei a me apaixonar pela Enfermagem. Não fosse essa experiência, provavelmente teria feito o curso de Direito.”
Já Ming é enfermeiro obstetra há 23 anos, boa parte deles destinada à assistência obstétrica. Uma história construída com uma paixão que traz uma referência importante ainda dos tempos de infância, quando morava em uma cidade da região metropolitana de SP, na qual havia algumas parteiras. “Uma, em especial, morava na minha rua e tive o prazer em conhecê-la e receber todos os incentivos que fortaleceram minhas bases. Ela me inspirou e me inspira até hoje, pois já pregava e estimulava a assistência obstétrica humanizada.”
A divindade do parto normal – O processo que leva ao parto normal é visto como algo divino por esses profissionais. Hildegarth lembra, inclusive, da primeira criança que nasceu sob seus cuidados, o Daniel, em 1997, ainda quando era uma estagiária. “Cada trabalho de parto é único e, quando bem conduzido, traz uma sensação de missão cumprida. É como uma impressão digital e uma experiência ímpar para a mãe. Um ditado diz que Nossa Senhora passa a mão na cabeça e a mãe esquece a dor do parto. E eu fico feliz por ajudar e amparar mãe e bebê neste momento.”
Para Ming, pela magnitude dos eventos relacionados com a gestação (o trabalho de parto, o parto, o nascimento e o pós-parto), ele se sente renovado e motivado a continuar. “Nesta hora, percebo a presença de uma energia maior que nos governa e eu chamo de Deus e percebo que um parto e um nascimento são a renovação das certezas que podemos fazer cada vez melhor e sempre.”
Diante desse posicionamento, os profissionais incentivam a realização do parto normal, desde que pertinente e respeitando as circunstâncias do “nascer e permanecer bem”, desde que não resulte em graves consequências para a mãe ou ao recém-nascido e respeite os fundamentos da humanização. “Percebo que os benefícios de um parto normal estão sustentados pela decisão em utilizar os recursos tecnológicos nos momentos estratégicos e decisivos, objetivando a manutenção da qualidade de vida. A formação do profissional, o local e as políticas de trabalho, a assistência à mulher em fase reprodutiva (planejamento familiar) e as evidências científicas também são determinantes para a efetivação do parto e nascimento seguros, livres de danos e em prol da qualidade de vida”, diz Ming.
Posto isso, Hildegarth enumera alguns benefícios que o parto normal traz para a mamãe e o bebê, uma vez que as funções fisiológicas do corpo são restabelecidas com mais rapidez, há um menor risco de infecção para as mães e de ocorrer a hemorragia pós-parto, maior facilidade para o aleitamento materno e melhora da respiração do recém-nascido, entre outros.
parto_2Falta consciência – Porém, nem sempre as futuras mamães têm consciência dessas vantagens, muitas vezes por falta de uma orientação adequada até mesmo sobre temas como a dor, que deve ser desmistificada. Essa falta de conscientização, segundo Ming, independe da questão financeira. Ela acontece em virtude do medo decorrente da cegueira que a ignorância proporciona. “Nesta triste realidade, identifico que os profissionais da saúde são os atores capazes de mudar e alterar a situação, trazendo a elas a luz da verdade, através das orientações coerentes, oportunas, livre de ideologias pessoais e fundamentadas em evidências científicas e atualização profissional”, afirma.
Assim, cumpre-se um papel verdadeiramente humanizado por parte de profissionais que não precisam, nem devem roubar a cena, uma vez que os protagonistas são os pais e a criança. Mas, certamente, eles podem assegurar o espetáculo da vida, referenciado, neste caso, pelo dar à luz.

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